Apresentação da 2ª Edição da Revista Farinha e Rapadura
De tudo o que os seres humanos têm em comum, o mais comum é que precisam comer e beber. E é singular que este seja o elemento mais egoísta, que é por sinal o mais imprescindível e imediatamente restrito ao indivíduo. Já o que se pensa, pode-se dar a conhecer a outros; o que se vê, pode-se deixar que outros vejam; o que se fala, centenas podem escutar; mas o que se come não pode, de modo algum, ser igualmente comido por outro. (ZIMMEL, 2004, P. 16O).
O excerto acima traz questões que são centrais para compreendermos que, do fazer humano “[…], o comportamento alimentar é sem dúvida, o que caminha de modo mais desconcertante sobre a linha divisória entre natureza e cultura” (DOUGLAS, 1979, apud, CONTRERAS, 2011, p. 129). Essa máxima pode ser notada em Zimmel (2004), quando ao reconhecer que comer e beber são atividades universais, portanto comuns a todos os humanos. O autor também reconhece que essas mesmas atividades, particularmente as emaranhadas com o ato de comer e com a comida, são tão singulares que não podem ser igualmente praticadas por nenhuma outra sociedade ou outro indivíduo. [Leia mais...]