Sobre a 1ª Edição da Revista Farinha e Rapadura
Farinha pouca, meu pirão primeiro! Rapadura é doce, mas não é mole não!
Os provérbios supracitados nos ajudam a pensar a comida, desde muitos aspectos, particularmente, de um ponto de vista antropológico, o qual aponta que alimento e comida não se confundem: alimento possui embasamento na nutrição corporal, nos ingredientes que mantêm nosso corpo adequadamente funcionando dentro dos padrões biológicos saudáveis;
já a comida é algo muito diferente, porque quando comemos não estamos apenas nos alimentado, nutrindo o corpo, satisfazendo uma necessidade que é universal: saciar a fome. Contrariamente a isso, nós, humanos, com regularidade acostumamos a dar sentido à comida. Representamos e simbolizamos aquilo que comemos, de tal modo que constituímos o ato de comer em práticas ritualizadas, capazes de, primeiramente, inscrever a comida como experiências socioculturais, para, depois, reconhecê-la desde as perspectivas biológica e/ou nutricional.
Então, em termos antropológicos, a comida é entendida como uma coisa que está meticulosamente envolta com a construção das identidades coletivas, como um recurso que opera na definição dos grupos, das classes, das pessoas e das sociedades que se distinguem exatamente por suas escolhas, por suas maneiras de conceber e praticar o ato de comer.