Cultura alimentar caiçara e a proteção da natureza na Ilha Grande, RJ
(Juliane Fernandes Silva de Oliveira)
As comunidades caiçaras são comunidades tradicionais “não-indígenas”, “camponesas” e provenientes da miscigenação de indígenas, negros africanos escravizados, e colonizadores europeus num espaço entre as regiões Sul e Sudeste do Brasil.
A comida traduz a natureza em cultura. E embora pareçam formar uma dicotomia, têm relação intrínseca, tendo em vista que não há cultura sem natureza, e a própria natureza é vista, sentida e transformada de acordo com os diversos modos de existir, dentre os quais, o ser humano faz parte.
A Ilha Grande situa-se no município de Angra dos Reis, região da Costa Verde, a 150 km do Rio de Janeiro e a 400 km de São Paulo. Toda sua extensão é sobreposta por unidades de conservação, geridas pelo Instituto Estadual do Ambiente. Por um lado, a criação das UCs na Ilha Grande foi responsável pela regeneração da mata com o declínio das roças, mas impostas “de cima para baixo” pelo Estado e sem consulta às comunidades locais, cercearam o trabalho das populações, dificultando “roçar” e “matar peixe”.